NOTA SOBRE A PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Vascaínos,

Novamente, como foi a SAF em 2022, a proposta de recuperação judicial vem “embalada” com a nefasta afirmação: “não há outro jeito”. Esse discurso falacioso fez o Vasco trilhar o mais equivocado caminho de sua história, da SAF, vendendo nosso futebol para oportunistas da pior espécie, como reconheceu, inclusive, o próprio Presidente Pedro Paulo, apesar dele e de todos na sua gestão terem, no mínimo, apoiado e/ou votado a favor daquele engodo, quando não foram ativos participantes e entusiastas. Agora a situação é ainda mais grave: se a recuperação judicial não for aceita ou se for descumprida em seus termos é falência, fim do Vasco, de São Januário, de tudo já que que o pedido de recuperação envolve não apenas a SAF, mas também o CRVG, afetando com isso o patrimônio do Clube.

Em primeiro lugar, entendemos que, pela gravidade da medida (que pode, repetimos, acarretar a extinção do Vasco), deveria a recuperação judicial, após e se aprovada no Conselho Deliberativo, ser decidida pela Assembleia Geral, como prevê a alínea “a” do inciso II do caput do artigo 58 do Estatuto do CRVG.

Todos os sócios devem decidir sabendo das consequências da recuperação judicial não ser aceita ou, se aceita, ser descumprida: é a falência, o fim.

A Diretoria obteve a liminar que afastou a 777 do comando da SAF em maio de 2024 e em 7 meses deveria ter publicizado o funesto contrato com a 777, deveria ter voltado para o PROFUT (que a gestão Salgado irresponsavelmente nos retirou) ou feito outro parcelamento fiscal; deveria, enfim, de forma transparente, ter passado a limpo a situação financeira do Clube.

Não fez nada disso, ao contrário, promoveu uma gestão “entre amigos”, a portas fechadas, obscura até mesmo para a maioria dos conselheiros da situação, chamados apenas para dizer “sim, senhor”.

A completa falta de transparência é também a tônica dessa gestão, como era na de Jorge Salgado, tanto que, agora, fomos surpreendidos com a penhora da sede do Calabouço por dívidas de FGTS. Outras certamente virão, pois, as dívidas fiscais estão em aberto e sem a devida atenção da “gestão”.

Novamente as penhoras ameaçam estrangular o Vasco e mais uma vez assistimos uma gestão deixar tudo deteriorar para, então, oferecer o “remédio milagroso”, mais um “não tem saída”, que antes foi a SAF com estelionatários falidos e, agora, é a recuperação judicial.

Uma medida radical feita às pressas, para tratorar, sem discussão aprofundada, sem qualquer garantia de cumprimento das obrigações derivadas da recuperação, caso seja deferida. E descumprir os termos da recuperação significará a extinção do Vasco, repetimos uma vez mais.

Ela, a recuperação judicial até poderia ser a melhor opção, mas, pelo que representa, somente poderia ser adotada se essa fosse a decisão num contexto de ampla união, depois de os conselheiros, eleitos e beneméritos, conhecerem e diagnosticarem a real situação financeira do Clube, quais outros caminhos possíveis, o que eles representariam em termos de caixa, recuperação financeira e montagem de time, entre outras demandas.

A união interna permitiria um acordo para tornar intocáveis os valores mensais destinados à recuperação, com fiscalização permanente, sem o risco de uma derrota acachapante para um rival ou a falta de um jogador em determinada posição fazer a gestão, pela justa pressão da torcida, desviar os recursos “sagrados” da recuperação para uma contratação emergencial derivada da falta de planejamento ou mesmo de um acaso infeliz.

E essa união sob parâmetros mínimos, mesmo que para um fim específico, era plenamente possível, somos todos vascaínos e estamos falando do risco de extinção do Vasco, não de grupos políticos ou de eleições. Se o Vasco sucumbir, todos nós sucumbimos. Pouco importará a discussão sobre as causas e culpas.

O Presidente Pedro Paulo tinha todas as condições de promover essa comunhão entre os vascaínos, de ser seu principal articulador, mas preferiu o caminho do isolamento com seu círculo íntimo, como se o Vasco coubesse numa sala fechada administrado por supostos sábios que, na verdade, estão perdidos, mas fingem ter a solução (mais uma vez) e agora é a tal da recuperação judicial, que se quer aprovar às pressas e na marra mesmo tendo o Clube obtido a prorrogação do prazo para o dia 23.01.2025.

Neste sentido, aliás, vale lembrar que o resultado do diagnóstico feito pela empresa contratada remonta ao mês de agosto de 2024, sendo que o Clube obteve a suspensão das execuções e penhoras em outubro de 2024. Ou seja, a Diretoria tem o diagnóstico da situação há 4 (quatro) meses e há, pelo menos, 2 (dois) meses iniciou, à portas fechadas, o seu “plano de ação”. Houve, portanto, tempo suficiente para que se promovessem as medidas e os debates necessários, caso fosse esse o interesse.

Mas não, ao invés disso trilha-se o mesmo caminho tortuoso de outrora com o chamamento do Conselho para decidir matéria crucial sem elementos mínimos e indispensáveis, contrariando inclusive a palavra da própria Diretoria Administrativa que levou à suspensão da reunião do dia 11.12.2024, justamente para que se pudesse subsidiar os conselheiros com as tais informações essenciais acerca do diagnostico e a respectiva tomada de decisão. Tudo isso com base num diagnóstico realizado em agosto de 2024 – em outro ambiente e cenário macroeconomicos, portanto – com a participação de dirigentes e empresa que, em gestões anteriores, também estiveram à frente de “reestruturações financeiras” frustradas.

Por essas razões, os Conselheiros abaixo assinados votarão contra a proposta apresentada pela atual gestão:

Bernardo Santos da Silveira – Conselheiro Eleito

Carlos Alexandre Vilela dos Santos – Conselheiro Eleito

Edmilson José Valentim – Conselheiro Nato

Eloi Ferreira de Araújo – Conselheiro Nato

Felipe Maia de Andrades – Sócio Eleito

Gilberto de Almeida Pinto – Conselheiro Nato

Jose Henrique Macedo Serra – Conselheiro Eleito

Leonardo Jorge Rodrigues – Conselheiro Eleito

Luiz Candido Ferreira – Conselheiro Nato

Márcio Magalhães Fernandes – Conselheiro Eleito

Mauricio Ribeiro Cardoso – Conselheiro Eleito

Mauro Abdon Gabriel – Conselheiro Eleito

Mauro Sergio Siqueira Ferreira – Conselheiro Eleito

Pedro Daniel Strozenberg – Conselheiro Eleito

Rafael Landa Montenegro Nuno – Conselheiro Nato

Roberto Monteiro – Conselheiro Nato

Sergio Machado de Azevedo – Conselheiro Eleito

Sergio Pereira da Silva – Conselheiro Eleito

Orlando D’Almeida Marques – Conselheiro Nato

Vinicius Souza Machado – Conselheiro Eleito

Walter Ramos – Conselheiro Nato

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